Pretexto de domingo
Perdi as contas de quantos
pedaços de mim espalhei, deixei alguns e não espero ter mudado algo com isso, apenas que tenha sido guardada. Falo das
coisas que escrevi para pessoas diversas em momentos propícios. Eu me precipito
e isso é fato. Isso sou eu. E isso é sobre os domingos.
Vejo um menino tocar,
meu amigo do lado, pessoas à volta. Gente na minha frente em outro mundo. O jogo
virou nossa vida, todo domingo estou procurando um caminho nos olhos de alguém,
em velhos amigos de dez minutos atrás. Na minha pele há cicatrizes de todos os tamanhos
e outras que não podem ser vistas, outras que quando somem eu reavivo sem me perguntar porque faço isso. Sinto que em alguma parte do
chão da minha memória eu ainda vejo minhas roupas espalhadas, e nesse exato
momento eu consigo ver um fio do meu cabelo indo embora pelo ralo do banheiro. A
memória é a maior cicatriz que carrego, os pés, a parte mais rebelde, caminham pra liberdade o tempo todo, às vezes até canso. Juntam com as mãos e não compartilham calma nenhuma, seguem doidos o ritmo da minha cabeça. Minhas cicatrizes estão expostas a qualquer um que se mostre interessado
em ouvir uma história. Eu penso muito, tenho pressa e muita sede. Eu roubo, roubo gestos, palavras de quem estar ao meu redor, e eu gosto de roubar sorrisos.
Gosto de gargalhas altas como as que o menino do violão dá, meu amigo disse pra não complicar as coisas, então, o desejo de ser entendido às vezes
é trocado pelo desleixado “espero que entenda”. Então eu espero que entenda antes que a música acabe eu preciso dizer que domingo é um pretexto para escrever sobre você.
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