Insônia natalina

Era final de Outubro quando eu passei pela rua e vi um enfeite natalino. Podem me chamar de esquisita, mas a verdade é que esse clima de natal não me favorece. Podem dizer: “Ah, mas tem todo o significado...”

Não, não tem.

Entre outros motivos, esse é um dos raros momentos em que eu sinto falta de algumas coisas. Como eu ganhando um presente em Novembro e minha mãe flando: “Esse é seu presente de Natal!” Mas no fim eu sempre ganhava dois, e ouvir Sacrifice do Elton Jonh numa manhã de domingo enquanto ela colhia acerola no pé. Os domingos também não são legais e eu evito suco de acerola. Não se trata de traumas, mas esse clima também não favorece meu romantismo.

Algumas pessoas são como alguns apertos de mãos, automáticas. Umas abrem, outras fecham ciclos. Quando um amor se torna um aperto de mão ou um aceno com a cabeça, é um ciclo fechado de forma vazia, que pode levar embora a leveza do desejo de querer acordar nos braços de alguém num final de semana. Sim, eu entendo que devo conhecer o tempo de estar só. A questão é que eu prefiro abraços à apertos de mãos, férias ao invés de finais de semana. Aliás, eu preciso de férias.

Porque essas bobagens são saudades do tipo: “Aquele foi o melhor tempo da minha vida.”Nada! Ando correndo tanto, lendo muito, escrevendo sempre, não me reconhecendo mais. Muita gente, pouco tempo, ando sozinha, me cobro tanto. Estou abandonando quando chega na metade, cansada pra esperar até o final, evitando despedidas. A simplicidade de chegar em casa e alguém abrir a porta me encanta. Mas não tem ninguém em casa, e no Natal também não vai ter. Mas isso não é triste, é insonia.


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