Assinatura da existência
No
íntimo, todos nós escrevemos. De pensamentos na alma até rascunhos de uma vida.
Sempre existem pessoas capazes e dispostas a ler nosso idioma, por vezes
português, noutras, sussurrado. Todas as versões do Sagrado escrevem em tempo
integral. Cada letra codificada em lugares, sentimentos e pessoas, distribuídos
em folhas aleatórias para que nós interpretemos e, sejamos capazes de
transformar esbarrões como o início de um caminho que nos levam a acariciar as
histórias por trás de um rosto. Guardo os rabiscos porque gosto de lembrar
de onde vim. Desenho personagens de grandeza, doçura e leveza de um algodão
doce, mas, ao invés de garrafas eu troco pedaços de mim, para trilharmos
dilemas que nem sempre são licença poética. Na caligrafia de sinais é onde
busco o dicionário para abismos interiores, encontro a razão do terremoto
constante que são algumas pernas. Para não ser maçante quanto os que escrevem rimando,
eu não trago muito comigo. Mas sou incapaz de sair de casa e esquecer das
letras que me mostraram estradas, que me fizeram derrapar em curvas de lençóis
finos ou compuseram a trilha sonora dos meus romances. Quando eu perguntar o
óbvio para ouvir o esperado, quando os batimentos cardíacos não existirem e os
olhares já não se acolherem, tudo que eu escrevi serão versos a ecoarem por aí
nas mais variadas formas. A assinatura da minha existência.
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