Como explicar que ela não é minha namorada? (Uma carta sobre amizade)

Como explicar que tu não é minha namorada se toda vez que eu falo de ti eu romantizo?
Quando a turma de História 2012.2 iniciou, eu estava em outro planeta, eu não te vi. Um ano e meio mais tarde, pisando no planeta Terra e mais especificamente no trabalho foi que eu te conheci.

Desde aqueles dias tu me fez provar o sabor da amizade de infância sem termos crescido juntas, quando eu vi a gente já bebia, já fumava. Quando eu vi, o caminho da Universidade até a Xerox já tinha se estendido. Quando dei por mim, nós enxergamos os nossos filhos sem dar importância para quem seriam os pais. Quando eu tropecei, já me sentia bem segura para dizer que te amava sem nunca ter beijado a tua boca.


Mas a tua mãe gosta de mim, o meu irmão gosta de ti, você nunca reclamou da minha inconstância e sabe o quanto é difícil pra mim assumir isso. Não temos o mesmo ritmo, mas a gente se entende, temos futuro.


Há uns dois dias eu queria te dizer exatamente isso. Esse não é aquele texto que eu não deixei você ler, aquele não estava pronto, isso são pensamentos a teu respeito e pensamentos sobre você sempre estão prontos e roubam a minha atenção no meio do trabalho, quando me dou conta, já estou olhando fixamente a maçaneta da porta.


Não é fácil explicar como me envolve ver você se jogar no Reggae, Rock ou Forró, tampouco dizer como me sinto redimida pelo teu olhar quando falo das tuas músicas ruins. E como eu falo! E me desculpe por te interromper, mas é contigo que um tropeço ou cliente mal-humorado se tornam uma historia de ação e suspense.


E que drama é ver tuas fotos com os teus amigos, a única coisa que ameniza é saber que ao menos a câmera fica feliz, porque toda foto tua é digna de book, todo passo teu é uma dança. Se a minha mãe recebesse metade das ligações que eu te faço eu teria presente de Natal garantido, porque ceia mesmo, só quando a casa for nossa e a gente revezar os cuidados dela quando eu ficar fora por um tempo e  tu sair para piratear o sotaque dos outros.


Sempre que nossas mãos se encontrarem distraídas dirão: “não pode ser só amizade!” Pra eles é como se não coubesse cumplicidade, esperteza, sensualidade, malicia, carinho, confiança, conexão e  proteção numa relação de afeto tão simples. E realmente não cabe, poderia dizer como você se encaixa, mas nunca conseguiria explicar, te resumir em palavras.





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