Uma taça de amor caro

Numa das primeiras vezes que saímos, ele pediu o Santa Helena. Achei caro. Mas em nenhum momento ele agiu para me impressionar. Era naturalmente um homem refinado, apenas. A forma que ele manuseava a taça bistrô para apreciar o vinho deixava meu corpo no vestido, sem sutiã e sem salto, ainda mais rígido. Bebi sem rodeios e não gostei. A conversa se desenrolou agradável entre a faculdade, camarões e mestrado. Depois daquela garrafa, sai de lá enxergando duas entradas e ainda quis entrar no carro errado. Dois anos depois, ele estacionou numa estradinha do lado do Tocantins e descemos até o rio levando nosso isopor com cervejas e um vinho barato. Enterramos nossos pés na areia preta e bebemos até escurecer. Ele olhou pro copo descartável e perguntou se eu lembrava daquele restaurante português. Sim! Respondi sorrindo. Você gostou daquele vinho? Não. E ele continuou: nem eu.

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