Quinta-feira
Quintas são digitais em dois copos de cerveja a
diluírem na minha memória. Pause na semana comum, na mesa da hamburgueria quase
vazia, quase normal, não fosse a chuva e Pink Floyd na rádio. Quase simples,
não fosse a Sexta a suar desabafos, e tua tentativa de explicar nosso caso. Se
quinta-feira fosse mulher, seria uma puta romântica. Diria pra gente ir
devagar. Que o dia não é relógio mesquinho de oito horas em contagem regressiva
no trabalho. Cássia Eller andou nas ruas, trocou um cheque, mudou uma
planta de lugar, dirigiu o carro, tomou um pileque e ainda teve tempo pra
cantar numa quinta-feira, amor. Então entra. Come o macarrão com colher e o prato
entre as pernas, e não faz cara ruim pro meu Galiotto nas tuas taças londrinas.
Quando me levar pra casa, tira o Indie e coloca Fagner. Diz com teu português
cansado que tá tarde pra eu ir. E a gente fica. O copo a rodopiar pelo piso tão
branco da tua casa e tu a brigar duas doses de whisky enquanto enche meu copo
mais uma vez, que amanha meu corpo vai expulsar pelo tornozelo. O melhor
abandono sempre foi no teu colchão, ficar ali te provocando segredos, sabendo
que a gente só dava certo em certos dias. Mas hoje não vou usar as letras do
teu nome para escrever saudade. Logo hoje, que é segunda.
MEU favorito deixo Ravena de lado,ameiiiiiii
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