Até logo Alcântara
Nunca escondi o que eu sinto por
essa cidade, mesmo quando fica mais difícil explicar que o que segura a nossa
aliança em meu dedo é feito com muito mais que carne. É feito de convivência,
carinho, paixão, algumas lágrimas e todas as pequenas coisas que não a deixam
escorregar quando lavo as mãos. Não pretendo entender ou enxergar com olhos
humanos o composto que fez do meu sangue metal e daqui um ímã. Como manda o teu
nome, apenas andei por tuas pontes e construí as minhas, pontes que ligam cenas
da minha vida a este lugar como estão ligadas as placas das ruas às tuas
paredes.
Desde o feriado quente de novembro de 2013, em
que eu suava tímida a incrédula possibilidade de tu, de cara, pedir pra eu
abandonar a minha casa, reflito no que tu és. Só porque meus olhos estavam
arregalados e eu não me permitia piscar, só porque era uma cidade intrigante e
mística? Só porque ajeitou o meu cabelo com teus ventos e eu deitei nas tuas
calçadas, me cobriu com as tuas telhas e quando percebi já tinha me colocado
pra dormir como mais uma das tuas pretas? Era bem mais que São Matias e Do Carmo,
mais que a inocência das crianças quilombolas.
A resposta se esconde entre as
ruínas e a requinte daqui, mergulha na Ilha do Medo e emerge na Ilha do
Livramento, colore os dias frios e os quentes te transformando em uma deusa eufórica
que me manda embora com a sedução do até logo. E das muitas histórias, vou
contar pros meus meninos que te entreguei os meus amores e que entreguei eles
também! Pra que brinquem em tuas ruas e comam dos teus doces como eu fiz com
todos os teus sabores e sintam o que quero dizer sempre que eu levantar o copo
de licor na Festa do Divino e falar: “andei por esse mundo todo, mas
Alcântara... Alcântara...”
Doce de espécie de Alcântara-MA
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